Construções Sustentáveis: desafios e oportunidades no futuro urbano
Projetadas para minimizar os impactos ambientais e promover o bem-estar, número de construções sustentáveis teve aumento de 40% no país, segundo dados da Green Building Council Brasil (GBCB).
Seja nas grandes cidades ou em pequenas comunidades, os modelos de construções sustentáveis têm ganhado espaço e, mais do que uma tendência, também são uma necessidade. Projetadas para minimizar os impactos ambientais e promover o bem-estar, essas edificações representam uma resposta eficaz aos desafios climáticos atuais. Mas o que realmente são construções sustentáveis e por que elas são tão importantes?
Ao oferecer soluções que vão além da simples economia de recursos, esses modelos de arquitetura e construção focam na utilização de materiais recicláveis, priorizando eficiência energética, gerenciamento da água de maneira inteligente e garantindo uma integração harmoniosa com o meio ambiente.
Entre os princípios das construções sustentáveis destacam-se o uso de fontes renováveis, como energia solar e eólica, captação da água da chuva e sistemas de reuso, utilização de materiais que priorizem recursos locais e de baixo impacto ambiental, aproveitamento de iluminação e ventilação natural, assim como práticas de reciclagem e descarte adequado.
Modelo de biodigestor implantado em obra de condomínio/Imagem: Amanita
Benefícios que vão além do meio ambiente
Muito além da redução dos impactos ambientais, a adoção de construções sustentáveis também traz vantagens do ponto da economia, com redução dos custos com energia e água; saúde e bem-estar, trazendo melhorias significativas na qualidade do ar e conforto térmico; e valorização imobiliária, já que os imóveis sustentáveis têm maior atratividade para um nicho de clientes cada vez maior.
Foi de olho nesse perfil de consumo que há 4 anos a engenheira e empreendedora, Andressa Monteiro, decidiu apostar na construção de um condomínio que leva a sustentabilidade como principal conceito. Junto a um grupo de outros investidores, ela desenvolveu um projeto que engloba muitos dos princípios da construção sustentável, localizado na Praia de Maramar, litoral do Piauí.
“Por estarmos localizados em uma área litorânea, com toda a exuberância da natureza nos presenteando diariamente, era fundamental que na execução do projeto fossem adotadas medidas que preservassem e valorizassem a área escolhida para o empreendimento. A partir disso, priorizamos a utilização de técnicas que aliam economia e responsabilidade socioambiental, desde a base da construção, como as fossas ecológicas, até o reaproveitamento de materiais para a fase de acabamentos e decoração dos ambientes”, disse.
Fossas ecológicas instaladas em condomínio na Praia de Maramar/Imagem: Amanita
De acordo com a empreendedora, o retorno do público tanto comprador quanto de aluguel por temporada, nesse tipo de empreendimento, tem sido satisfatório.
“Aqui recebemos pessoas de várias partes do Brasil e de outros países, interessados não só na prática do kitesurf, mas também no turismo sustentável. A cada vez que compartilhamos nosso modelo de construção e o ideal que implantamos aqui, é visível o interesse desse público que é seleto e que tem grande potencial de investimento. São pessoas que buscam muito mais que um investimento imobiliário, mas também um estilo de vida mais conectado com o meio ambiente”, completa.
À medida que a consciência ambiental cresce, a demanda por construções sustentáveis também aumenta. Nesse contexto, arquitetos, engenheiros e empreendedores têm se adaptado a essa nova realidade, garantindo as obras contribuam para um futuro mais verde e saudável para todos.
Segundo dados da Green Building Council Brasil (GBCB), entre 2019 e 2021, houve um aumento de 22% nos projetos “verdes”e um aumento de 40% nas construções residenciais verdes em 2023, comparado a 2022. O Brasil está entre os líderes mundiais em construções sustentáveis, ocupando o 4º lugar em projetos certificados pela Liderança em Energia e Design Ambiental (LEED) .
“Projetos verdes” são os mais procurados por novos investidores/Imagem: Amanita
No entanto, apesar de o país ter potencial de liderar as crescentes para práticas sustentáveis, o mercado voltado para o setor ainda enfrenta desafios que incluem a necessidade de políticas públicas mais eficazes e o maior envolvimento do setor privado na causa. “Já é muito claro a crescente demanda e o potencial que o país tem para liderar esse movimento, mas precisamos avançar e investir ainda mais na ampliação desses modelos sustentáveis. É improvável imaginar um futuro sem que economia, desenvolvimento e sustentabilidade caminhem lado a lado”, conclui Andressa Monteiro.