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O café subiu 40% – será que o clima tem culpa nisso?

Fatores climáticos encarecem café em até 40% e altera consumo no Brasil

Dados da Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC) revelam que o clima dos últimos quatro anos influenciou diretamente no preço do produto.

Por: Viviana Braga 12 fev 2025, 14:17
Com informações da Agência Brasil

Com uma alta média de 40%, o preço do café tem assustado os brasileiros e já influencia até mesmo o hábito de consumo de muitos fãs da bebida. A explicação para o aumento no valor do grão está, segundo a Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC), no custo de produção, que subiu mais de 200% desde 2021, influenciado por fatores climáticos.

Segundo a entidade, o clima instável tem ação direta na produção do grão. Em 2021, os produtores perderam 20% da safra de arábica, devido uma geada. No ano seguinte, não foi possível ajustar a produção, já que a safra demora, em média, dois anos para se recuperar.

Ainda de acordo com a ABIC, a sequência de instabilidade seguiu afetando o setor em 2023, com a lavoura sofrendo os efeitos do El Niño, que provocou um longo período de estiagem e altas temperaturas. E em 2024, o fenômeno La Niña, trouxe chuvas alongadas. “Esse acúmulo de quatro anos de problemas climáticos e o crescimento da demanda global dão a explicação dessa escalada de preços no café”, explicou Pavel Cardoso, presidente da ABIC.

A previsão do setor é que o impacto sobre os preços do produto deve se manter até a safra deste ano, que começa a ser colhida entre os meses de abril e maio. Depois disso, a tendência é estabilização no preço. No entanto, a esperada redução no valor do grão só deve acontecer a partir da safra do próximo ano.

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O Brasil e o mercado de consumo do café

Responsável por 40% da produção mundial de café, o Brasil é também um dos países que mais consome a bebida, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Em média, o brasileiro consome 1.430 xícaras/ano de café, conforme dados do setor.

Ao impactar no bolso e, mais que isso, afetar um ponto tão sensível da cultura brasileira, a alta no preço do café tem levado muitos consumidores a refletirem sobre o assunto. “Mesmo em tempos que tanto se fala dos impactos das mudanças climáticas no mundo, diante dos crescentes casos de catástrofes naturais, algumas pessoas ainda se mantêm distantes desta realidade. Infelizmente, é só quando nos afeta diretamente que paramos para pensar na gravidade dessa questão”, afirma a dona de casa que mora em Parnaíba (PI), Gesiana Leal.

Habituada a consumir café pelo menos três vezes ao dia, ela afirma que o atual preço do produto já impacta no orçamento das compras da família e que a redução do consumo é, por enquanto, a alternativa mais viável para não deixar de tomar a bebida. “Antes passava café pelo menos três vezes por dia. Agora, tenho optado por reduzir esse consumo a uma ou duas vezes no máximo”, destaca.

Mesmo com o aumento no valor do café registrado nos últimos meses, dados recém divulgados pela ABIC mostram que, entre novembro de 2023 e outubro de 2024, o consumo de café no Brasil cresceu 1,11%. A indústria de café torrado faturou R$ 36,82 bilhões no ano passado, somente no mercado interno. A alta no faturamento do setor é também influenciada pelo aumento do preço do café na gôndola, mas não deixa de revelar que o cafezinho segue sendo uma paixão nacional independente do custo.

 

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Jornalista, cofundadora e diretora-executiva da EcoNós.

Viviana Braga

Jornalista, cofundadora e diretora-executiva da EcoNós.

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