Litoral do PI escapa de ondas de calor, mas enfrenta desafios climáticos
Embora fora da rota das ondas de calor, o litoral do Piauí enfrenta desafios como erosão costeira, aumento do nível do mar e eventos climáticos extremos.
O litoral do Piauí está fora da rota das ondas de calor que atingem boa parte dos estados brasileiros nas últimas semanas. Apesar disso, a região é potencialmente vulnerável a outros desafios climáticos, o que a coloca também na zona de atenção, especialmente devido ao avanço da erosão costeira, ao aumento do nível do mar e às mudanças nos padrões de chuva.
O fenômeno das ondas de calor é caracterizado por um aumento repentino das temperaturas, superando os níveis esperados para uma determinada região e época do ano. O Diretor de Prevenção e Mitigação da Defesa Civil Piauí, Werton Costa, explica que um dos critérios para considerar a existência de uma onda de calor é o acréscimo de, pelo menos, 5 graus na temperatura média do local.
“Naturalmente, nós podemos categorizar uma onda de calor como um fenômeno extremo, considerando que o incremento de temperatura, em termos de graus, é bem avançado. E os extremos representam uma assinatura clássica de que a condição climática global está alterada”, avalia.
Entretanto, explica o especialista, as temperaturas registradas nestas últimas semanas no estado do Piauí não configuram como sendo ondas de calor, justamente porque não há registros da elevação térmica acima de 5 graus. Segundo ele, a localização geográfica do estado, apesar de favorecer a alta incidência de radiação solar, nesta época do ano passa por um “ligeiro refresco”, devido ao período chuvoso.
Para ele, a condição de alerta em relação ao aumento significativo das temperaturas no Piauí deve estar na avaliação das médias de temperatura durante os meses do BRO-BRÓ: “Nesta época, nós temos as temperaturas mais elevadas e, nos últimos anos, elas têm se apresentado sempre acima da média”, frisa.
Apesar disso, Werton ressalta que, mesmo durante os meses do BRO-BRÓ, o acréscimo nas temperaturas térmicas no estado oscilam entre 0,5 até 2 graus acima da média. “Mesmo já sendo preocupante, está fora do parâmetro da onda de calor. Por exemplo, vamos colocar que nós tenhamos uma condição térmica de 38 graus no pico do BRO-BRÓ. E se acrescentar 5 graus, nós teremos 43 graus, que é uma temperatura absurda, mesmo para os padrões do estado do Piauí”, diz.
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Desafios climáticos do litoral
Embora o litoral do Piauí esteja fora da rota das ondas de calor, enfrenta desafios climáticos que afetam diretamente a população e os ecossistemas locais. A erosão costeira, impulsionada pelo aumento do nível do mar e pelas mudanças nos padrões de ventos e marés, tem avançado de forma preocupante, colocando em risco infraestruturas e comunidades ribeirinhas.
Além disso, a elevação da temperatura da água do mar pode intensificar fenômenos como ressacas e vendavais, impactando setores econômicos como a pesca e o turismo.
O especialista alerta para os impactos das mudanças climáticas na região costeira. Segundo ele, o litoral é um espaço extremamente vulnerável, pois está em uma zona de interação direta entre o continente e o oceano, sofrendo influência de fatores como ventos, marés e ondas. “Com o aumento da temperatura da lâmina d’água, há impactos diretos no sistema de circulação do ar, intensificando os ventos, tornando as ondas mais violentas e aumentando a incidência de ressacas e vendavais”, explica Costa.
Outro ponto de atenção é o efeito do aquecimento dos oceanos sobre a economia local. O especialista destaca que a elevação da temperatura do mar pode afetar diretamente a pesca, além de potencializar tempestades no período chuvoso. “Durante essa época, uma lâmina d’água mais quente pode gerar temporais muito mais extremos, com rajadas de vento intensas e maior incidência de descargas elétricas concentradas”, afirma.
A longo prazo, a tendência de elevação do nível do mar pode agravar ainda mais a situação do litoral piauiense. “Com o degelo das calotas polares, as águas oceânicas se expandem e avançam sobre áreas costeiras, ameaçando moradias, empreendimentos e investimentos na região”, alerta Werton Costa.
Diante desse cenário, especialistas reforçam a importância de medidas de adaptação e mitigação para minimizar os impactos das mudanças climáticas na região, garantindo a preservação ambiental e a segurança das populações que vivem no litoral.